quinta-feira, 21 de abril de 2011

Kalil Gibran




Sou o entusiasmo do poeta, a revelação do artista e a inspiração do músico.
Sou um santuário sagrado no coração de uma criança, adorada por uma mãe compassiva.
Apareço a um grito do coração; evito as exigências.
Minha plenitude segue o desejo do coração e foge do direito vazio da voz.
Sou como as idades – construo hoje e destruo amanhã.
Sou mais doce que um suspiro de violeta e mais violento que uma tormenta em fúria.

Presentes por si só não me seduzem
A separação não me desalenta;
A pobreza não me expulsa;
O ciúme não prova a minha consciência;
A loucura não é sinal de minha presença;

Eu não trocaria os risos de meu coração pelas fortunas das multidões; e não ficaria contente de transformar em calma as lágrimas provocadas pelo meu eu angustiado. Tenho a ardente esperança de que minha vida nesta terra seja ate o fim tecida de lágrimas e risos.

Lágrimas que me purificam o coração e me revelam o segredo da vida e o seu mistério.
Risos que me levam mais para perto dos homens, meus irmãos.
Lágrimas com que me uno aos que sofrem,
Risos que simbolizam a alegria pela minha própria existência.

Prefiro mil vezes a morte por meio da felicidade do que a vida em vão e em desespero.
Meu desejo é uma ânsia eterna de amor; sei agora que os que só possuem riquezas são miseráveis, mas para o meu espírito os suspiros dos amantes são mais doces que os acordes da lira.

Queria ser livre como as nuvens; A vida das nuvens é uma vida de despedida e união; lágrimas e risos.
O espírito se separa do corpo e entra no mundo da substancia, passando como nuvens sobre os vales da tristeza e as montanhas da felicidade ate encontrar o vento da morte e voltar ao ponto de partida, no infinito oceano de amor e beleza que é Deus.